Por: Marcelo Benedito Mansur Bumlai
Números vultuosos e saldo absolutamente positivo. Durante quatro dias, cerca de 40 mil profissionais da área de saúde participaram do maior evento de oncologia do mundo. Realizado em Chicago, o Congresso da Sociedade Americana de Oncologia Clínica (Asco) traz, todos os anos, novas propostas da ciência para o combate ao câncer. Na edição 2025, o grande destaque foi o avanço da chamada medicina personalizada, que busca olhar o paciente de forma individual, para poder oferecer tratamentos customizados, mais adequados a cada pessoa.
Participei do evento, juntamente a 850 profissionais brasileiros, dentre os quais médicos oncologistas e residentes. Certamente, todos voltamos para casa com a convicção de que, mesmo diante das graves projeções globais do aumento dos casos de câncer (disparada de 77%, de 2022 até 2050, segundo a Sociedade Americana do Câncer), os avanços científicos permanecem trazendo luz a um cenário sombrio.
No Asco 2025 foram apresentadas várias pesquisas, com relevante incremento de novos estudos sobre imunoterapia com resultados positivos em ganho de sobrevida, sobretudo em tumores gastrointestinais, de câncer de mama e cabeça e pescoço. Tivemos acesso a informações referentes a novas associações em tratamentos oncológicos, a exemplo do uso do imunoterápico durvalumabe juntamente a um programa de quimioterapia que já utilizamos na prática diária. Neste contexto, houve importante ganho de sobrevida em pacientes com câncer gástrico e de junção esofagogástrica.
Foram apresentados, ainda, centenas de estudos com novas drogas, inclusive um crescente número medicamentos oncológicos provenientes da indústria farmacêutica chinesa, com resultados favoráveis, criando uma forte expectativa para um mercado futuro.
Outro grande destaque do evento foi um estudo que mostrou benefícios da atividade física moderada na sobrevida global de pacientes tratados de câncer de cólon, consistindo, aparentemente, em benefícios tão importantes quanto o tratamento com quimioterapia. Prova que o exercício físico aumenta o tempo de vida das pessoas com câncer.
Muitos dos resultados positivos poderão ser incorporados rapidamente em nossa rotina oncológica no Brasil, a depender de questões regulatórias com os planos de saúde e da incorporação de novas drogas que estão chegando ao mercado. Futuro bastante promissor.
Marcelo Benedito Mansur Bumlai é médico oncologista clínico e sócio da Oncomed, em Cuiabá