Consumido principalmente entre os jovens de 18 a 24 anos, o cigarro eletrônico possui aparência atraente e descolada, com diversas cores e formatos. Mesmo sendo proibida a comercialização e propaganda no país, por meio da Resolução de 2009 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), não é difícil de ser encontrado em lojas e tabacarias. Perigo anunciado, a popularização dos dispositivos esconde os malefícios à saúde. Os produtos utilizados para gerar o vapor dos cigarros, incluem quantidades de nicotina e substâncias citotóxicas, que além de gerar dependência, alteram o DNA das células da boca e de todo trato respiratório, aumentando o risco da ocorrência de tumores, alertam especialistas.
Também conhecido como câncer oral ou carcinoma de células escamosas, o câncer de boca afeta os tecidos da cavidade oral e áreas adjacentes, como os lábios, língua, gengivas, bochechas e céu da boca. Feridas que não cicatrizam, incômodo ao engolir e sangramentos são os sintomas mais comuns da doença. A estimativa é que o Brasil registre 15 mil novos casos em 2023, segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA). Com relação já estabelecida pelos médicos, o tabagismo e consumo excessivo de álcool aumentam em vinte vezes a propensão à doença.
A aparência moderna e os diferentes sabores do cigarro eletrônico, que não possuem o cheiro característico do tabaco, criam uma rotina de condicionamento, e a pessoa passa a usá-lo na rua, no trabalho, no banheiro da escola e até mesmo deitado na cama. Esses atributos, aumentam a curiosidade dos mais jovens e inibem o medo do tabagismo “tradicional”. Além de contribuir para o desenvolvimento de diferentes tipos de câncer, o hábito de fumar, está associado a doenças crônicas como tuberculose, infecções respiratórias, impotência sexual e infertilidade.
” Considerando que o tabagismo, normalmente, se inicia antes dos 18 anos, é urgente que nossa atenção seja redobrada aos jovens. Além da saúde bucal, o uso prolongado desses produtos também afeta a saúde respiratória, com o aparecimento de lesões pulmonares graves, como a bronquiolite, uma condição que causa inflamação e cicatrizes nos pulmões. A aparência inofensiva dos cigarros eletrônicos esconde uma série de problemas, e a conscientização se faz primordial nesses casos.” afirma Letícia França, oncologista clínica da Oncomed.
O mês de maio, que recebe o laço de cor vermelha, é dedicado à conscientização sobre os fatores de risco, sintomas e a prevenção da doença. Falar sobre tabagismo é uma importante ferramenta de conscientização, já que 70% das pessoas com câncer de boca fumam, de acordo com INCA. Esse percurso do tabagismo no corpo é silencioso, por isso a atenção deve ser redobrada nas consultas de rotina, e a abstenção do uso fortemente recomendada.
Diagnóstico e tratamento – Na busca pelo diagnóstico, a ida ao dentista não deve ser negligenciada, observa a médica. Letícia explica que o exame clínico pode ser realizado na própria consulta odontológica, seguido do exame de biópsia, procedimento que consiste na remoção de uma amostra de tecido para análise. Em caso de confirmação da doença, o paciente é encaminhado ao oncologista. “A escolha do tratamento deve levar em consideração o estágio da doença, e pode incluir a cirurgia, radioterapia e a quimioterapia.” Quando detectado em fases iniciais, o câncer de boca tem cerca de 80% de chances de cura.