Sexo e câncer de mama: vamos falar sobre isso?

Autoaceitação, cuidado e diálogo desempenham papéis cruciais na busca por uma vida íntima plena

O câncer de mama traz consigo mudanças significativas em vários aspectos da vida das mulheres, incluindo a sua sexualidade. Questões psicológicas e físicas contribuem para que o sexo seja tirado da lista de prioridades. Com altos níveis de cura quando diagnosticado precocemente, as modalidades de tratamento podem incluir a cirurgia de retirada total ou parcial das mamas, quimioterapia, radioterapia ou hormonioterapia. Nessa jornada, a autoestima pode ficar comprometida e manter uma vida sexual satisfatória acaba se tornando um desafio. O desconforto não deve ser negligenciado, mas é importante considerar que existem abordagens e técnicas disponíveis para garantir que o prazer não vá embora, proporcionando assim mais qualidade de vida à mulher.

A oncologista clínica Letícia França, da Oncomed–MT, explica que é comum as pacientes se preocuparem com a intimidade, especialmente quando estão em relacionamentos estáveis. “Por atingir um órgão símbolo da feminilidade, cerca de 30% das mulheres têm sua sexualidade impactada com a descoberta do câncer de mama. Os motivos podem ser psicológicos ou físicos, entre eles aqueles causados pela quimioterapia, como a queda de cabelo, cansaço excessivo e náuseas”.

Autoaceitação é pilar essencial para aquelas que buscam o reencontro com a feminilidade

O impacto na autoestima e na percepção do próprio corpo também prejudicam o apetite sexual. Após uma mastectomia (retirada total do seio), mesmo quando a reconstrução mamária é possível com próteses, há alterações no formato e, em alguns casos, perda parcial da sensibilidade local. Isso faz com que muitas mulheres deixem de se sentir atraentes ou desejadas. O primeiro passo para que o desejo se manifeste novamente, observa a médica, é a autoaceitação, um sentimento muitas vezes confuso nesse período.

Entre as opções de tratamento, a hormonioterapia também pode ser indicada quando a neoplasia mamária é sensível a hormônios, como o estrogênio ou a progesterona, associados à progressão do câncer. Para impedir o crescimento desses tumores, é essencial bloquear a produção hormonal. Contudo, a paciente pode enfrentar efeitos colaterais como ressecamento vaginal, falta de libido e até mesmo a entrada na chamada menopausa precoce.

Nestes casos, é recomendável o uso de pomadas hidratantes específicas, durante ou após o tratamento, para manter a lubrificação e prevenir a perda de elasticidade vaginal. Além disso, tratamentos a laser podem melhorar a vascularização da região.

Prazer e saúde – Afinal, por que é importante ter uma vida sexual ativa? A luta contra o câncer pode ser exaustiva e momentos de prazer podem ajudar a recarregar as energias, aliviando a rotina. Durante o sexo, o corpo libera uma série de hormônios e neurotransmissores relacionados à felicidade e ao relaxamento, como a endorfina e a ocitocina. Quando combinados, eles têm a capacidade de reduzir dores e os níveis de estresse. A prática também melhora o sono e a autoestima.

“Na maior parte dos casos, o sexo pode ser um aliado ao tratamento, exceto em situações em que a paciente apresenta um sistema imunológico fragilizado. Para os benefícios serem aproveitados integralmente, é importante que o momento seja prazeroso e livre de situações que causam desconforto. Toda ajuda é bem-vinda e o acompanhamento com um psicólogo também é indicado”, reforça a oncologista.

Diálogo com o parceiro (a) e acompanhamento piscológico é recomendado por especialista da área

Uma maneira de lidar com os desafios causados pela doença, é explorar novas formas de intimidade que valorizem a redescoberta do corpo e do prazer. É essencial ter um diálogo aberto com o parceiro(a), vivendo a nova fase sem julgamentos.

Confira a mensagem da oncologista clínica, Letícia França, neste Outubro Rosa:

https://www.instagram.com/reel/Cy4NPZOPOiQ/?igshid=MzRlODBiNWFlZA==

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